Edição 16
- dezembro de 2018
Artigo: Iluminação com LED e os desafios para a Fotometria
Ivo Ázarai e Iakyra B. Couceiroii
Diretoria de Metrologia Científica e Tecnologia/ Divisão de Metrologia Óptica (Dimci/Diopt)
A Fotometria é o estudo da luz visível a partir da percepção do ser humano. A luz visível é uma das formas de radiação eletromagnética, relacionada à região do espectro dentro do intervalo de 4000 Å a 7000 Å de comprimento de onda. Todos os valores possíveis de comprimento de onda da radiação eletromagnética que compõem o espectro eletromagnético são descritos na tabela 1.
Tabela 1: Regiões do espectro eletromagnético, comprimentos de onda e características:
A pesquisa e o desenvolvimento da Fotometria têm impacto em todas as atividades da vida humana e contribuem, entre outras, para sua segurança. O estudo da fotometria pode ser classificado em dois grupos de acordo com o tipo de grandeza estudada - grandezas quantitativas e grandezas qualitativas ou colorimétricas, descritas na tabela 2.
Tabela 2: Descrição das grandezas quantitativas e qualitativas da Fotometria:
Grandezas Quantitativas |
fluxo luminoso |
quantidade de luz produzida por uma fonte luminosa, como lâmpadas e luminárias |
iluminância |
fluxo luminoso que atinge determinada área |
luminância |
fluxo luminoso emitido por determinada área |
Grandezas Qualitativas ou Colorimétricas |
temperatura correlata de cor (TCC) |
calor da fonte luminosa |
índice de reprodução de cores (IRC) |
medida do quanto as cores percebidas do objeto Iluminado por esta fonte, se aproximam daquelas do mesmo objeto iluminado por uma fonte padrão iluminante de referência) |
O advento da iluminação com LED trouxe um desafio para a área da Fotometria porque há grande variação entre as características de TCC e IRC entre lâmpadas LED, enquanto os padrões de referência tradicionais na fotometria são lâmpadas incandescentes que não diferenciam estas características suficientemente. Para atender a esta necessidade de diferenciação na medição de TCC e IRC, a Diopt está trabalhando em um padrão de referência com lâmpadas LED que meça a faixa adequada de variações.
Um desafio é propor uma solução prática que atenda à necessidade de manter constante a temperatura do padrão, evite o longo tempo para a sua estabilização e seja independente da temperatura ambiente.
O primeiro protótipo na área já foi montado, é descrito na Figura 1 e, após testes e caracterização, poderá ser utilizado como um padrão de referência de iluminação com LED.
Figura 1 – Fotografia e desenho esquemático do primeiro protótipo desenvolvido.
Outro desafio trazido pela iluminação com LED é a grande variação entre os espectros das lâmpadas, analisados por meio da intensidade relativa de emissão e o comprimento da onda, conforme exemplo descrito na figura 2.
Figura 2 - Representação gráfica do espectro de uma luminária com leds, medido no Laraf.
Como a iluminação pública no Brasil está migrando para a adoção de lâmpadas LED, a avaliação do espectro é fundamental para caracterizar o uso da lâmpada em que o desempenho visual depende da composição da luz emitida. Este desempenho visual é chamado de visão mesópica e é o desempenho visual intermediário entre visões fotópica (luz do dia ou em locais como uma sala de aula ou um escritório) e escotópica (luz de um céu noturno sem nuvens).
O laboratório, hoje, já desenvolveu uma metodologia de medição que contempla essa região e dispõe de condições para medir o espectro luminoso das fontes LEDs, além de determinar o fator específico para avaliação do desempenho na função mesópica, chamado S/P (dos termos em inglês scotopic e photopic).
Este artigo é uma adaptação do artigo “Contribuições do Inmetro para o desenvolvimento da área de iluminação” publicado na Revista Analytica (Ano 16, edição 93, Fev/Mar 2018). Disponível em https://revistaanalytica.com.br/analytica-93/
___________________________________________
i Pesquisador no Laboratório de Radiometria e Fotometria - programa Pronametro
ii Chefe da Divisão de Metrologia Óptica